NOS EMBALOS DA QUARTA DIMENSÃO
Em 1982 o mundo acordava com o lançamento do maior álbum musical de todos os tempos: “Thriller”, com Michael Jackson. Um delírio só!
Mas também, bem ao nosso lado, os hermanos argentinos partiam para cima dos ingleses na atabalhoada Guerra das Malvinas.
Também em 1982 o Brasil vivia a Abertura Política, o auge dos partidos considerados de esquerda, como o PT; e o Movimento Diretas Já soava pelos quatro cantos.
No mesmo período, o ET mais querido do planeta chegava às telas de cinema.
E em Corumbataí nascia a equipe de Som Quarta Dimensão.
Quem primeiro a recebeu foi o Centro Comunitário, na gestão de Antonio de Almeida. Na época só prevaleciam os bailes tradicionais, que reuniam as famílias e os casais. A juventude não tinha opção.
O Centro Comunitário costumava abrir nos fins de semana e nas férias para jogos. Logo surgiu a idéia de fazer as discotecas, como eram chamadas as reuniões dançantes dos anos 80.
João Canhoni e seu irmão Nenê Canhoni compraram quatro caixas de som com dois auto falantes cada um de 12 polegadas, cone branco e um equipamento básico, potência de som, mesa mixers de 8 canais, taipe dek, toca disco de vinil, iluminação e máquina de fumaça. Para a época, um verdadeiro arraso.
JACKS PINGAIADAS
Os irmãos começaram com um público de 20 pessoas, mas logo as cidades vizinhas foram participando e enchendo o salão. No início a entrada era gratuita, depois passou à cobrança de mil cruzeiros, dinheiro destinado para ajudar nas despesas do clube.
“Para nos da equipe era um hobby. O que a gente queria era proporcionar entretenimento para os jovens”, lembra João Canhoni.
Um fato marcante foi quando Geraldinho Ferreira e Nenê Maskir começaram a frequentar a discoteca. Eles viajavam de Rio Claro para Corumbataí de moto trazendo um grupo de amigos e acabaram ficando conhecidos como os Jacks Pingaiadas. Foi através dessa galera que outros motoqueiros foram se chegando e tomando conta da praça.
“Posso dizer que nossa cidade ficou famosa com os sons dos Canhoni; na época chegavam a frequentar em torno de 500 a 800 pessoas”, ressalta João.
EMBALOS DE SÁBADO
O período era o reflexo da estrondosa produção “Os Embalos de Sábado à Noite”, de 1978, mas que ressoou por muito tempo nas paradas de sucesso, nas telas dos cinemas e na cabeça dos Toni Manero que apareceram por todos os cantos do planeta.
“Tinha alguns grupos que faziam coreografias e o salão todo parava para admirar o show. Isso ocorreu até o Centro Comunitário fechar para a reforma. Tentaram alugar um local para continuar, mas nada deu certo”, acrescenta João Canhoni.
O som ficou guardado meses no sítio da família até que o presidente do clube de Ajapi, Dimas Pistarini, contratou a equipe para fazer as discotecas.
A Quarta Dimensão começou o som em Ajapi no ano de 1987 e todos os sábados lá estava a moçada reunida em torno dos vinis dançantes. Um caminhão F4000 dos Canhoni acabou se transformando no pau de arara dos aficcionados pelos embalos, que iam e vinham de carona.
A equipe com suas noites de sábado foi a responsável por muitos casamentos dos jovens que frequentavam as festas.
Em 1988 tudo mudou e acabou.
EM ITIRAPINA
O recomeço foi em Itirapina, no Grêmio dos Ferroviários dirigido por Bibi. Ele contratou a Quarta Dimensão para fazer som aos sábados e domingos. O clube lotava com o público de toda região, inclusive de Corumbataí, mas a aventura durou pouco tempo, pois o Grêmio fechou as portas.
O jeito foi voltar para a cidade raiz Corumbatai. E até hoje a Quarta Dimensão está lá. Participa ativamente das festas, mas os embalos de sábado à noite já não são mais os mesmos.

Fonte: JORNAL REGIONAL